Meus filhinhos, escrevo a vocês estas coisas para que vocês não pequem. Se, porém, alguém pecar, temos um intercessor junto ao Pai, Jesus Cristo, o Justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados, e não somente pelos nossos, mas também pelos pecados de todo o mundo.
1 João 2:1-2
Nisto consiste o amor: não em que nós tenhamos amado a Deus, mas em que ele nos amou e enviou seu Filho como propiciação pelos nossos pecados.
1 João 4:10
Nos dois textos acimas vemos que Jesus foi a nossa propiciação pelos nossos pecados. Mas, o que afinal significa esse termo? Propiciação é o ato de apaziguamento ou satisfação, especificamente em relação a Deus. A propiciação é um ato de duas partes que envolve apaziguar a ira de uma pessoa ofendida e se reconciliar com ela.
Tanto o termo propiciação quanto o expiação, que vimos em nosso último artigo, tem significados bastante parecidos, a principal diferença dos dois é que o primeiro é um ato para apaziguar a ira de Deus, já o segundo é um ato para restaurar o relacionamento com Deus. Ambos caminham juntos e precisam um do outro. Não há como restaurar o relacionamento com Deus sem apaziguar sua ira e vice-versa. Por isso, esses dois termos andam juntos sempre na Bíblia, principalmente no Antigo Testamento. Muitas vezes, esses dois termos são vistos como sinônimos, até mesmo pelo fato do ritual do Antigo Testamento serem o mesmo.
O significado no Antigo Testamento
Uma vez por ano, Arão fará propiciação sobre as pontas do altar. Essa propiciação anual será realizada com o sangue da oferta para propiciação pelo pecado, geração após geração. Esse altar é santíssimo ao Senhor.
Êxodo 30:10
Mais uma vez, vimos que o sumo sacerdote era o responsável pelos sacrifícios no Antigo Testamento. Na época do Êxodo, esse sumo sacerdote era Arão, e ele deveria fazer os sacrifícios em nome da nação de Israel. Novamente era levado a ele dois carneiros que eram oferecidos como holocausto, oferecido por si mesmo e pela congregação, um novilho como oferta por seu próprio pecado e dois bodes como oferta pelo pecado do povo, um era sacrificado e o outro era enviado para o deserto. O que era enviado para o deserto era colocado a mão sobre a sua cabeça, simbolizando que ele levaria o pecado do povo para longe do acampamento. Já o que era sacrificado, tinha o seu sangue tirado e depois aspergido, ou seja, jogado em cima das pontas do altar do propiciatório, aquela tampa que cobre a arca da aliança onde ficam os dois querubins um de frente para o outro. Após esse procedimento era simbolizado que o pecado do povo foi propiciado e expiado, a ira de Deus foi aplacada e o relacionamento que tinha sido quebrado foi restaurado.
Conclusão
Podemos pensar às vezes que os sacrifícios e as regras que Deus deu ao povo israelita no deserto são chatas, que são cheio de burocracias, mas quando entendemos de fato o significado por detrás de cada um deles, ficavam maravilhados com o cuidado dEle sobre cada um de nós. Cada sacrifício era uma simbologia daquilo que seria concluído com Cristo, eles apontavam para algo maior e melhor que ocorreria, como o autor de Hebreus disse, era apenas uma sombra do que haveria de vir. Quando Cristo veio, morreu e ressuscitou por nós, já não precisaríamos mais de sacrifícios anuais. A ira de Deus foi aplacada na Cruz de Cristo, e nesta mesma cruz, o nosso relacionamento que tinha sido quebrado devido ao pecado, foi restaurado. Em Cristo, e somente nEle, temos vida em abundância. Não por nossos méritos, mas pelos méritos dEle. Uma frase que resumiria todos esses conceitos da sistemática que estamos estudando, seria: Cristo fez expiação e propiciação pelos nossos pecados, por isso, Ele é o nosso Redentor, Justificador e Reconciliador e através do seu sacrifício somos santificados e regenerados e um dia seremos glorificados.