Os israelitas partiram e acamparam nas campinas de Moabe, para além do Jordão, perto de Jericó. Balaque, filho de Zipor, viu tudo o que Israel tinha feito aos amorreus, e Moabe teve muito medo do povo, porque era muita gente. Moabe teve pavor dos israelitas. Então os moabitas disseram aos líderes de Midiã: Essa multidão devorará tudo o que há ao nosso redor, como o boi devora o capim do pasto. Balaque, filho de Zipor, rei de Moabe naquela época, enviou mensageiros para chamar Balaão, filho de Beor, que estava em Petor, perto do Eufrates, em sua terra natal. A mensagem de Balaque dizia: Um povo que saiu do Egito cobre a face da terra e se estabeleceu perto de mim.
Números 22:1-5
Balaão é citado na Bíblia como um profeta que levou a nação de Israel a pecar. Mas, mesmo sendo um instrumento utilizado para o pecado, podemos extrair vários ensinamentos com a sua história.
Antes de iniciarmos falando sobre a vida e os atos desse “profeta”, precisamos falar sobre o contexto desta história. Israel tinha saído da escravidão egípcia sob a liderança de Moisés rumo a terra prometida. Durante esse percurso, várias situações ocorreram, como o mar vermelho que se abriu, as murmurações e rebeliões do povo, o maná que alimentou a nação enquanto caminhava no deserto. Mas, chegou o tempo de entrar na terra prometida, aquela terra que foi uma promessa para os descendentes de Abraão, e estavam cada vez mais próximos para esta entrada.
Nesta ocasião, quando Israel estava a caminho para finalmente possuir a terra prometida, que ocorre essa situação de Números 22. Balaque, um dos líderes das campinas de Moabe, ficou apreensivo com a chegada de um povo que era considerado o povo abençoado por Deus e vencedor de muitas guerras. Balaque conhecia a fama deste povo, não somente pelos comentários de outras nações que atacaram Israel e foram derrotados, mas pelo fato dele ser descendente de Ló, sobrinho de Abraão. Balaque sabia muito bem que aquela região tinha sido prometida a Abraão e seus descendentes muitos anos antes. O que ele não sabia era que o próprio Deus que prometeu a terra prometida, disse para eles não invadirem a terra dos Moabitas, por serem descendentes de Ló.
Toda essa apreensão e esse medo fez Balaque chamar Balaão para profetizar contra a nação de Israel e com isso começa alguns erros que podemos extrair desse texto para que não venhamos cair em situação parecida.
1 – Balaque ao invés de recorrer ao Deus do seu antepassado Ló, recorre a um homem:
“Venha agora lançar uma maldição contra ele, pois é forte demais para mim. Talvez então eu tenha condições de derrotá-lo e de expulsá-lo da terra. Pois sei que aquele que você abençoa é abençoado, e aquele que você amaldiçoa é amaldiçoado.” Números 22:6
Balaque não somente recorre a um homem quando poderia recorrer a Deus, como exalta esse homem como se fosse um deus. Olha bem o que ele diz: “Pois sei que aquele que você abençoa é abençoado, e aquele que você amaldiçoa é amaldiçoado”.
2 – Balaque tentou comprar uma profecia com dinheiro:
“Os líderes de Moabe e os de Midiã partiram, levando consigo a quantia necessária para pagar os encantamentos mágicos. Quando chegaram, comunicaram a Balaão o que Balaque tinha dito.” Números 22:7
Hoje, muitos cometem o mesmo erro de Balaque, acham que dinheiro irá comprar a salvação, mas, o único que pode nos dar a salvação é uma pessoa, que se chama Jesus Cristo.
3 – No início Balaão tentou fazer o que era correto, mas mudou de postura pela ganância da recompensa prometida por Balaque:
“Disse-lhes Balaão: Passem a noite aqui, e eu trarei a vocês a resposta que o Senhor me der. E os líderes moabitas ficaram com ele. Na manhã seguinte Balaão se levantou e disse aos líderes de Balaque: Voltem para a sua terra, pois o Senhor não permitiu que eu os acompanhe. Os líderes moabitas voltaram a Balaque e lhe disseram: Balaão recusou-se a acompanhar-nos. Balaque enviou outros líderes, em maior número e mais importantes do que os primeiros. Eles foram a Balaão e lhe disseram: Assim diz Balaque, filho de Zipor: Que nada o impeça de vir a mim, porque o recompensarei generosamente e farei tudo o que você me disser. Venha, por favor, e lance para mim uma maldição contra este povo. Balaão, porém, respondeu aos conselheiros de Balaque: Mesmo que Balaque me desse o seu palácio cheio de prata e de ouro, eu não poderia fazer coisa alguma, grande ou pequena, que vá além da ordem do Senhor, o meu Deus. Agora, fiquem vocês também aqui esta noite, e eu descobrirei o que mais o Senhor tem para dizer-me.”
Números 22:8,13-19
4 – Não precisamos de uma confirmação sobre aquilo que Deus já nos disse:
“Agora, fiquem vocês também aqui esta noite, e eu descobrirei o que mais o Senhor tem para dizer-me.” Números 22:19
Vimos que quando Balaque ofereceu recompensas generosas, Balaão ficou tentado a aceitar, tanto que disse que iria confirmar com o Senhor se ele não poderia acompanhá-los. Temos que entender que Deus não é homem para ficar confuso e mudar sua resposta. Balaão já tinha a resposta de Deus, ele não precisava de outra confirmação.
5 – Deus ira-se quando queremos deliberadamente desobedecê-lo:
“Naquela noite, Deus veio a Balaão e lhe disse: Visto que esses homens vieram chamá-lo, vá com eles, mas faça apenas o que eu disser a você. Balaão levantou-se pela manhã, pôs a sela sobre a sua jumenta e foi com os líderes de Moabe. Mas acendeu-se a ira de Deus quando ele foi, e o Anjo do Senhor pôs-se no caminho para impedi-lo de prosseguir. Balaão ia montado em sua jumenta, e seus dois servos o acompanhavam.” Números 22:20-22
Vimos que Deus “autorizou” a ida de Balaão, não porque Ele tinha mudado de opinião, mas porque o coração de Balaão estava obstinado a cumprir o seu objetivo e através dessa situação Deus iria mostrar para ele e para nós que a Sua vontade é boa perfeita e agradável, e que Ele nunca volta atrás das suas promessas.
6 – A desobediência nos torna cegos:
“E o Anjo do Senhor lhe perguntou: Por que você bateu três vezes em sua jumenta? Eu vim aqui para impedi-lo de prosseguir porque o seu caminho me desagrada. A jumenta me viu e se afastou de mim por três vezes. Se ela não se afastasse, certamente eu já o teria matado; mas a jumenta eu teria poupado. Balaão disse ao Anjo do Senhor: Pequei. Não percebi que estavas parado no caminho para me impedires de prosseguir. Agora, se o que estou fazendo te desagrada, eu voltarei.” Números 22:32-34
Balaão não viu o que uma simples jumenta enxergou. Ele ficara cego pela sua cobiça e ganância. De fato, é isso que o pecado nos faz, nos torna cego.
7 – A desobediência nos torna incrédulos:
“Balaão disse ao Anjo do Senhor: Pequei. Não percebi que estavas parado no caminho para me impedires de prosseguir. Agora, se o que estou fazendo te desagrada, eu voltarei. Então o Anjo do Senhor disse a Balaão: Vá com os homens, mas fale apenas o que eu disser a você. Assim Balaão foi com os príncipes de Balaque.” Números 22:34-35
Balaão tem a audácia de perguntar se aquilo que ele estava fazendo desagradava a Deus. Depois de tudo que ele tinha passado, essa pergunta não era necessária, era claro a resposta. Mas, Deus ainda deixa que ele vá, desde que fale somente as Suas palavras.
8 – A irritação de Balaque quando seus planos são frustrados:
“Então acendeu-se a ira de Balaque contra Balaão, e, batendo as palmas das mãos, disse: Eu o chamei para amaldiçoar meus inimigos, mas você já os abençoou três vezes!” Números 24:10
Balaque ficou furioso, porque ao invés de ouvir uma maldição contra Israel, ouviu a nação ser abençoada três vezes e seria ainda abençoada uma quarta vez.
9 – O plano de Balaão para derrotar Israel: a imoralidade sexual e idolatria
“Enquanto Israel estava em Sitim, o povo começou a entregar-se à imoralidade sexual com mulheres moabitas, que os convidavam aos sacrifícios de seus deuses. O povo comia e se prostrava perante esses deuses. Assim Israel se juntou à adoração a Baal-Peor. E a ira do Senhor acendeu-se contra Israel.” Números 25:1-3
“Foram elas que seguiram o conselho de Balaão e levaram Israel a ser infiel ao Senhor no caso de Peor, de modo que uma praga feriu a comunidade do Senhor.” Números 31:16
Através desses dois textos, vemos que Balaão, como não conseguiu amaldiçoar Israel, planejou a sua queda através da sensualidade das mulheres moabitas, que os levaram a praticarem imoralidade sexual e idolatria.
10 – O fim daqueles que são gananciosos e que buscam as riquezas acima de Deus:
“Entre os mortos estavam os cinco reis de Midiã: Evi, Requém, Zur, Hur e Reba. Também mataram à espada Balaão, filho de Beor.” Números 31:8
Conclusão
Que esses exemplos dos erros de Balaque e Balaão nos sirva para nunca abandonarmos os caminhos do Senhor, nem ter o coração cheio de inveja, cobiça, orgulho e ganância, porque são pecados que não somente fere os princípios da Palavra de Deus, mas nos leva para longe da Sua vontade e pode até nos trazer destruição como foi com Balaão.