A eternidade de Deus X A brevidade do homem

Senhor, tu és o nosso refúgio, sempre, de geração em geração. Antes de nascerem os montes e de criares a terra e o mundo, de eternidade a eternidade tu és Deus. Fazes os homens voltarem ao pó, dizendo: Retornem ao pó, seres humanos! De fato, mil anos para ti são como o dia de ontem que passou, como as horas da noite. Como uma correnteza, tu arrastas os homens; são breves como o sono; são como a relva que brota ao amanhecer; germina e brota pela manhã, mas, à tarde, murcha e seca. Somos consumidos pela tua ira e aterrorizados pelo teu furor. Conheces as nossas iniquidades; não escapam os nossos pecados secretos à luz da tua presença. Todos os nossos dias passam debaixo do teu furor; vão-se como um murmúrio. Os anos de nossa vida chegam a setenta, ou a oitenta para os que têm mais vigor; entretanto, são anos difíceis e cheios de sofrimento, pois a vida passa depressa, e nós voamos! Quem conhece o poder da tua ira? Pois o teu furor é tão grande como o temor que te é devido. Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria. Volta-te, Senhor! Até quando será assim? Tem compaixão dos teus servos! Satisfaze-nos pela manhã com o teu amor leal, e todos os nossos dias cantaremos felizes. Sejam manifestos os teus feitos aos teus servos, e aos filhos deles o teu esplendor! Dá-nos alegria pelo tempo que nos afligiste, pelos anos em que tanto sofremos. Esteja sobre nós a bondade do nosso Deus Soberano. Consolida, para nós, a obra de nossas mãos; consolida a obra de nossas mãos!
Salmos 90:1-17

Este Salmo é uma oração de Moisés. Cronologicamente, é provavelmente o primeiro salmo que foi escrito. A meditação contrasta a eternidade de Deus com a brevidade da vida humana e podemos dividir o salmo em 5 partes:

Deus é eterno e digno de adoração

Moisés começa o salmo ou sua oração como Jesus nos ensina no sermão do monte (Mateus 6:9), exaltando e glorificando o nome de Deus. Não há nada melhor do que começar orando e exaltando o nome de Deus. Muitas vezes, oramos mais para suplicar algo a Deus, nos esquecemos de adorá-lo por aquilo que Ele é e pelo que Ele tem feito. Assim como Jesus nos ensina, devemos começar nossa oração como Moisés, adorando e exaltando a eternidade de Deus. O problema é que só vamos conseguir adorar a Deus como Moisés, se tivermos um conhecimento de quem iremos adorar. Só chamaremos o Senhor de abrigo e eterno (versos 1 e 2) quando o conhecemos como tal. E quando o conhecemos admitimos como Moisés, que somos pó e ao pó retornaremos e já Deus é de eternidade a eternidade (versos 3 ao 6). É algo maravilhoso quando o conhecemos, quando entendemos a nossa pequenez diante da Sua grandeza.

Deus é santo e nós somos pecadores

Entender que somos nada e Deus é tudo é essencial na vida cristã, mas precisamos entender também que Deus é totalmente santo, enquanto o homem é pecador passível de juízo. Talvez você pense, mas a Bíblia não nos chama de santos? Sim, ela chama, mas não por nós mesmo, mas por causa do sangue de Cristo. Se depender de nós, nunca seríamos chamados de santo. Por isso, que Moisés fala que somos consumidos por sua ira e que Deus conhece todos os nossos pecados (versos 7 e 8). O nosso Deus é realmente um Deus irado, não conosco, mas com os nossos pecados, com a nossa desobediência, por isso, teve que vir um cordeiro santo e sem mácula para morrer por nossos pecados, para receber toda a ira de Deus que era para ser nossa e hoje só somos chamados de santos devido a esse sacrifício.

Onisciência de Deus X As nossas lutas

Já entendemos que Deus é eterno e que Ele é santo, mas, Moisés ainda fala que Deus é onisciente (versos 8 a 12). Ele não conhece somente as nossas falhas, mas, as nossas lutas, nossos sofrimentos e diante desses momentos difíceis, pode até parecer que Ele não se importa, mas na verdade Ele se importa com a nossa dor, porém, muitas vezes precisamos passar por elas para nosso crescimento e amadurecimento. O ouro só é provado quando passa pelo fogo. Não há como saber se algo é realmente de valor se não for jogado no fogo, assim é nossa vida cristã, ela será provada, mas como é citado em Isaías, Deus está sempre conosco mesmo enfrentado a força das águas ou as chamas do fogo (Isaías 43:2).

Sabedoria é conhecer a Deus

Agora começamos a caminhar para o final do Salmo e Moisés fala no verso 12 algo que devemos refletir: “Ensina-nos a contar os nossos dias para que o nosso coração alcance sabedoria.” Sabedoria não é conhecer tudo, não é ter um QI elevado. Sabedoria é saber tomar atitudes na vida segundo Deus. Por isso, que vemos Salomão dizendo que o princípio da sabedoria é temer a Deus (Provérbios 1:7), e não há como ter essa sabedoria sem conhecer a Ele. Quando Oséias fala que o “meu povo perece por falta de conhecimento”, ele não está dizendo que o povo não estudava e não tinha conhecimento, mas, recusou o conhecimento, não somente isso, Deus acusa que a nação deixou de ser fiel e perdeu o amor, como também o conhecimento dEle(leia Oséias 4). Não adianta conhecer os ensinos de Deus sem amá-lo, aliás era esse o pecado da igreja de Éfeso (Apocalipse 2:1-7), eles tinham amor pela obra, eles perseveravam, não aceitavam ensinamentos errados, mas tinham abandonado o primeiro amor. Essa é a verdadeira sabedoria, amar a Deus, conhecer a Ele e prosseguir em conhecê-lo.

Precisamos de sabedoria até para pedir algo

O salmista agora termina trazendo uma súplica coletiva, pedindo a Deus que não os abandone, saciando-os sempre, trazendo a alegria que só Ele pode dar (versos 13 a 15) e por fim pede prosperidade e graça (versos 16 e 17). Por mais breve que sejamos, nossos esforços e obras podem ser abençoados com valor divino, quando depositamos nossa vida nas mãos dEle. Receber a benção de Deus e pedir por elas não é errado, o que é errado é amar mais as bênçãos do que o Abençoador. Tiago cita que muitas vezes pedimos e não recebemos porque pedimos errado para desfrutar em nossos prazeres (Tiago 4:3), isso mostra que precisamos de sabedoria até para orar, até para pedir algo para Deus ela é essencial em nossa vida, sem ela não conseguimos orar e nem conhecer a Deus, pois Ele é a própria Sabedoria!

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Sérgio Luiz
Sérgio Luiz

Apaixonado por teologia e pela bíblia. Pós-graduado em Estudos Bíblicos do Novo Testamento pela universidade Unicesumar. Coordenador e professor da rede de ensino de sua igreja local.

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