O perigo da religiosidade

Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: “Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego?” Disse Jesus: “Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele. Enquanto é dia, precisamos realizar a obra daquele que me enviou. A noite se aproxima, quando ninguém pode trabalhar. Enquanto estou no mundo, sou a luz do mundo”. Tendo dito isso, cuspiu no chão, misturou terra com saliva e aplicou-a aos olhos do homem. Então disse-lhe: “Vá lavar-se no tanque de Siloé” (que significa “enviado”). O homem foi, lavou-se e voltou vendo. Seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram: “Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando?” Alguns afirmavam que era ele. Outros diziam: “Não, apenas se parece com ele”. Mas ele próprio insistia: “Sou eu mesmo”. “Então, como foram abertos os seus olhos?”, interrogaram-no eles. Ele respondeu: “O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a nos meus olhos e me disse que fosse lavar-me em Siloé. Fui, lavei-me, e agora vejo”. Eles lhe perguntaram: “Onde está esse homem?” “Não sei”, disse ele.
João 9:1-12

Através dessa passagem do evangelho de João e de todo o capítulo 9, podemos entender até onde a religiosidade pode levar uma pessoa. Jesus não nos chamou para sermos religiosos, mas seus seguidores, dito isto, iremos dividir esse artigo em dois sub tópicos, o primeiro sobre o que a religiosidade faz conosco e em seguida sobre o que um encontro com Cristo faz.

O que a religiosidade faz

1 – Atribui uma doença ou enfermidade ao pecado:

“Ao passar, Jesus viu um cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: Mestre, quem pecou: este homem ou seus pais, para que ele nascesse cego? Disse Jesus: Nem ele nem seus pais pecaram, mas isto aconteceu para que a obra de Deus se manifestasse na vida dele.” João 9:1-3

É muito comum em nossos dias queremos atribuir alguma doença ou enfermidade há pecados não confessados. Atribuímos até mesmo doenças psicossomáticas, como a depressão como a um pecado que precisamos arrepender. Vemos que esses pensamentos não são somente de nossos dias, mas no tempo de Jesus, os próprios discípulos questionaram o mestre, se houve pecado por parte do cego de nascença ou de seus pais. O primeiro ponto que precisamos entender é que nem toda doença ou enfermidade são culpa de pecados. Uma ou outra, pode sim, ser consequências de algum pecado, mas nem todas serão. No caso do cego de nascença, o próprio Jesus disse que foi para que manifestasse o poder de Deus na vida dele.

2 – Traz incredulidade:

“Seus vizinhos e os que anteriormente o tinham visto mendigando perguntaram: Não é este o mesmo homem que costumava ficar sentado, mendigando? Alguns afirmavam que era ele. Outros diziam: Não, apenas se parece com ele. Mas ele próprio insistia: Sou eu mesmo. Então, como foram abertos os seus olhos?, interrogaram-no eles. Ele respondeu: O homem chamado Jesus misturou terra com saliva, colocou-a nos meus olhos e me disse que fosse lavar-me em Siloé. Fui, lavei-me, e agora vejo. Eles lhe perguntaram: Onde está esse homem? Não sei, disse ele.” João 9:8-12

“Pela segunda vez, chamaram o homem que fora cego e lhe disseram: Para a glória de Deus, diga a verdade. Sabemos que esse homem é pecador. Ele respondeu: Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo! Então lhe perguntaram: O que fez ele a você? Como abriu os seus olhos? Ele respondeu: Eu já disse, e vocês não me deram ouvidos. Por que querem ouvir outra vez? Acaso vocês também querem ser discípulos dele? Então, eles o insultaram e disseram: Discípulo dele é você! Nós somos discípulos de Moisés! Sabemos que Deus falou a Moisés, mas, quanto a esse, nem sabemos de onde ele vem.” João 9:24-29

A religiosidade não apenas coloca a enfermidade e doenças como sendo causadas por algum pecado, mas traz incredulidade quando vemos algo diferente do que estamos acostumado a ver. Vemos nesses textos acima, que o povo começou a desacreditar do milagre da cura do cego de nascença. As pessoas ficavam repetidamente pedindo detalhes ao ex-cego de como ele teria sido curado. Ao invés das pessoas glorificarem o nome de Deus por tal milagre, preferiram questionar a tal cura, se tornaram incrédulos daquilo que Deus pode fazer.

3 – Traz dúvidas:

“Levaram aos fariseus o homem que fora cego. Era sábado o dia em que Jesus havia misturado terra com saliva e aberto os olhos daquele homem. Então os fariseus também lhe perguntaram como ele recuperara a vista. O homem respondeu: Ele colocou uma mistura de terra e saliva em meus olhos, eu me lavei e agora vejo. Alguns dos fariseus disseram: Esse homem não é de Deus, pois não guarda o sábado. Mas outros perguntavam: Como pode um pecador fazer tais sinais milagrosos? E houve divisão entre eles.” João 9:13-16

A religiosidade não somente traz incredulidade, mas dúvidas. Vemos no texto acima, que diante do milagre, algumas pessoas passaram a acreditar e outras a duvidar do milagre. Houve até uma divisão entre eles. Toda essa dúvida, não era somente por conta da cura do cego, mas devido ela ter ocorrido no sábado. Os próprios religiosos, em outra ocasião, repreenderam as pessoas de serem curadas aos sábados, conforme o texto de Lucas 13:14: “Indignado porque Jesus havia curado no sábado, o dirigente da sinagoga disse ao povo: Há seis dias em que se deve trabalhar. Venham para ser curados nesses dias, e não no sábado.” Vemos a que ponto pode chegar uma mente de um religioso.

4 – Traz medo:

“Os judeus não acreditaram que ele fora cego e havia sido curado enquanto não mandaram buscar os seus pais. Então perguntaram: É este o seu filho, o qual vocês dizem que nasceu cego? Como ele pode ver agora? Responderam os pais: Sabemos que ele é nosso filho e que nasceu cego. Mas não sabemos como ele pode ver agora ou quem lhe abriu os olhos. Perguntem a ele. Idade ele tem; falará por si mesmo. Seus pais disseram isso porque tinham medo dos judeus, pois estes já haviam decidido que, se alguém confessasse que Jesus era o Cristo, seria expulso da sinagoga. Foi por isso que seus pais disseram: Idade ele tem; perguntem a ele.” João 9:18-23

Quando os religiosos confrontaram os pais do cego sobre a vida do seu filho e o milagre recebido, vemos que o próprio texto nos informa que os pais dele tiveram medo dos judeus. A religiosidade faz isso conosco, nos traz medo. O próprio apóstolo João em sua primeira carta nos ensina que o medo é uma evidência que não estamos em Deus: “No amor não há medo; ao contrário o perfeito amor expulsa o medo, porque o medo supõe castigo. Aquele que tem medo não está aperfeiçoado no amor.” 1 João 4:18
Se existe medo em nossas vidas, é sinal de que ainda não estamos cheios do Deus de amor. Somente Ele pode tirar o medo de nossos corações.

O que o encontro com Jesus faz

Falamos sobre o que a religiosidade faz com o cristão, agora falaremos sobre o que o encontro com Jesus faz conosco.

1 – Traz convicção de quem Jesus é:

“Tornaram, pois, a perguntar ao cego: Que diz você a respeito dele? Foram os seus olhos que ele abriu. O homem respondeu: Ele é um profeta. Ninguém jamais ouviu que os olhos de um cego de nascença tivessem sido abertos. Se esse homem não fosse de Deus, não poderia fazer coisa alguma.” João 9:17,32-33

Quando conhecemos a Cristo e experimentamos um milagre como o cego de nascença, não tem como não ter convicção de quem Jesus é. O cego nunca tinha visto Jesus, mas ele sabia que esse homem que transformou a sua vida era um profeta e um homem de Deus. Todo encontro com Jesus nos traz essa convicção do poder soberano de Cristo.

2 – Traz convicção da mudança de vida:

“Ele respondeu: Não sei se ele é pecador ou não. Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” João 9:25

A segunda convicção que temos ao encontrarmos com Cristo, é a convicção da mudança de vida. Quando o cego foi questionado, ele apenas respondeu: uma coisa eu sei, eu era cego e agora vejo. Essa é a maior e melhor convicção que podemos ter. Sobre como era a nossa vida antes de Cristo, e como está agora depois que o conhecemos. Todo encontro com Jesus traz mudança de vida, se sua vida ainda não mudou, desconfiei de que um dia você conheceu a Cristo.

3 – Traz fé

“Jesus ouviu que o haviam expulsado e, ao encontrá-lo, disse: Você crê no Filho do homem? Perguntou o homem: Quem é ele, Senhor, para que eu nele creia? Disse Jesus: Você já o tem visto. É aquele que está falando com você. Então o homem disse: Senhor, eu creio. E o adorou.” João 9:35-38

E por fim, quando encontramos com Jesus, há uma fé inabalável em nós. Cremos naquilo que é impossível aos olhos naturais. Cremos no sobrenatural. Aos olhos naturais, um cego de nascença não pode voltar a enxergar. Mas, aos olhos de Cristo, todas as coisas são possíveis. É nessa fé que nosso cristianismo deve ser alicerçado.

Conclusão

Jesus não nos chamou para uma religião, Ele não nos chamou para sermos religiosos, Ele nos convida a andarmos com Ele, a sermos seu seguidor, a realizarmos as obras que Ele realizou. A religião aprisiona e nos cega, mas Cristo nos liberta e nos faz enxergar realmente aquilo que precisamos. Os religiosos, todos tinham uma visão natural perfeita, mas aos olhos de Deus, eram cegos, porque não conseguiam enxergar o poder de Deus em um milagre. A religião de fato nos impede de enxergamos as coisas sobrenaturais, mas caminhando com Cristo, podemos não apenas enxergar essas coisas, mas sermos participantes delas.

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Sérgio Luiz
Sérgio Luiz

Apaixonado por teologia e pela bíblia. Pós-graduado em Estudos Bíblicos do Novo Testamento pela universidade Unicesumar. Coordenador e professor da rede de ensino de sua igreja local.

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